Breve história dos captadores

Em 1880, os irmãos Pierre e Jacques Curie descobriram o fenômeno piezoelétrico, que é a propriedade de certos cristais têm de emitir eletricidade quando sofrem ação de cargas mecânicas, ou de se deformarem quando submetidos à eletricidade. Além da invenção do relógio de quartzo, microfones e alto-falantes, esse fenômeno possibilitou a invenção do captador piezoelétrico. Apesar de também existirem em guitarras e contrabaixos, em violões esse tipo de captação é o mais comum, e a ideia é simples: as cordas vibram, o cristal dentro do captador (normalmente embaixo do rastilho) emite sinais elétricos, que são depois amplificados. A primeira guitarra com esse captador foi a Rickenbacker Electro Spanish, de 1931. Me desculpe, essa foi a única foto confiável que achei dela.

Apesar do tamanho dos instrumentos terem diminuído bastante nessa época – já que não mais se dependia somente da projeção natural do instrumento - ainda assim um instrumento com boa estrutura acústica vibrava melhor e consequentemente emitia um melhor sinal. Instrumentos com caixa acústica em alto volume produzem feedback, um grande problema que quebrava a cabeça dos músicos da época.


Já em 1932 existem registros de captadores magnéticos, por exemplo a Rickenbacker Electro A-22 “Frying Pan”, porém esses captadores só começaram a realmente revolucionar o mundo em 1946, quando Leo Fender inventou a Esquire, que depois foi renomeada para Broadcaster, e finalmente em 1948 já com 2 captadores mudou novamente seu nome: Fender Telecaster. Corpo sólido, sem feedback.

Em 1953, baixistas não precisavam mais carregar um instrumento imenso e pesado: foi lançado o primeiro Fender Precision Bass. Repare que ele é meio diferente dos modelos de hoje, mais parecido com uma Telecaster.

Com esses novos captadores nem tudo era maravilhoso: eles criam um ruído chamado humming quando ligados sozinhos. Para solucionar isso, em 1954 Leo Fender cria a Stratocaster: 3 captadores, sendo o do meio em polaridade invertida. Nas posições 2 e 4 da chave seletora essa polaridade invertida entre os captadores cancela o humming. Som limpo e cristalino de guitarra, finalmente.

Em 1955 dois engenheiros da Gibson, Seth Lover e Walt Fuller, desenvolveram o P90, um captador com uma bobina bem maior e dois ímãs com polaridades invertidas. Essa polaridade invertida cancelava o humming, e um pouco depois eles desenvolveram um com duas bobinas em polaridades invertidas. Além disso, agora era possível ligar essas bobinas em série ou paralelo. Muitas e muitas mais possibilidades de timbre. Esse captador é o lendário PAF. Uma curiosidade: apesar do captador ter sido inventado em 1955, sua patente só foi homologada em 1959. Nesse período a Gibson colava um adesivo embaixo dos captadores com a inscrição “Patent Aplied For” (Patente Requerida). Isso que gerou a sigla P.A.F. Hoje existe o Seymour Duncan Seth Lover SH-55 , réplica perfeita destes primeiros humbuckers.

Em 1960, Leo Fender chuta bundas novamente com o Jazz Bass. Dois captadores, controles individuais de volume, braço mais fino e formato ergonômico.

Apesar de ainda existir muita história para contar, se eu me estender mais tenho que tirar o “Breve” lá do título. Acredito que estes foram os fatos mais revolucionários neste mundo fascinante que é a captação.


Caso você queira saber sobre a diferença entre alguns tipos de captadores é só ler este artigo sobre o assunto.